Neste texto, falamos sobre a evolução da idéia de luxo dos primórdios até os tempos atuais:
A redefiniçao da ideia de luxo hoje prima pelo sustentável, mas este sustentável também ganha nova leitura ultrapassando o “ecologicamente correto“ e alcançando uma sustentabilidade sócio-ambiental. E é neste contexto que o Brasil (segundo Metsavaht) tem a oportunidade de se colocar como um país que oferece o novo luxo contrapondo-se ao estilo americano de consumo ou até mesmo o tradicional luxo europeu.“o Brasil se destaca pela sua riqueza imaterial, por suas matrizes culturais e étnicas”.(Oskar Metsavaht, para o site UOL)O estilo brasileiro, impresso em seus produtos pelos designers, evidencia o frescor, inclui as comunidades locais e possui menor impacto ao meio ambiente.O conceito de luxo continua implicando em custo, mas hoje o consumidor busca algo mais.”Tem de ser nobre e descolado para entender que é cool (bacana) pagar mais por isso”.(Oskar Metsavaht, para o site UOL)O luxo poderia ser tratado como um tema já quase esgotado por sempre ter feito parte da vida humana através dos tempos, entretanto, ele requer novidades, surpresa e frescor, assim, reascende-se nas mais diversas áreas da vida contemporânea.
Definir luxo é um ato complexo devido até mesmo a sua a constante mutação através dos tempos. O entendimento de luxo é tomado de diferentes maneiras de acordo com a sociedade que se observa.
Regina Machado em seu livro “O Novo luxo” afirma que a partir do século XIX nasceu um novo estilo de luxo que inaugurava um sistema de valores próprio, onde a sintonia com a moda passava a ser uma de suas características mais valorizadas. É a partir deste momento que o luxo passa a ser reconhecido como um setor econômico, ampliando ainda mais a complexidade do entendimento de sua dinâmica, o que nos impele à busca maiores informações acerca deste tema e sua evolução através dos tempos.
Já na pré-história pode-se apontar a presença do luxo ao observar a beleza de seus ornamentos, os cultos aos deuses e a busca da abundância de comida.
Joias dos períodos Calcolítico e Neolítico.
1. Contas de calíte e dente canino de lobo - Período calcolítico. Fonte ipmuseu
2. Pendente em malaquite - Período neolítico final-calcolítico. Fonte ipmuseu.
Segundo Nízia Villaça em seu artigo Um liffiting comunicacional; a semiologia do luxo, “(...) nas sociedades primitivas, anteriores ao advento do Estado, a concorrência entre a ostentação de riqueza e a generosidade dos chefes gerava, na distribuição de bens, a prosperidade para a comunidade.”, segundo esta autora, a “cultura do dom” trazia abundância e prosperidade ao grupo, os chefes deviam, sem cessar, patrocinar festas, dar presentes para realçar seu prestígio “(...) havia também uma negociação com a transcendência, no gasto com túmulos, monumentos, templos”.
Sobre outro momento histórico, Nízia Villaça, alude ao pensamento platônico, romano e cristão – no qual já existiam as grandes discussões sobre o luxo, sublinhando a predominância da visão negativa do luxo como sinônimo de preguiça, fraqueza e desejos que deveriam ser controlados para a boa ordem política ou cristã.
|
Ainda de acordo com BORN (2007), “neste contexto, os romanos criaram as leis suntuárias para regulação da posse e utilização de determinados objetos como roupas e joias. Essas leis ditavam quem e que classe social podia fazer uso de elementos suntuosos, perdurando até mesmo após a queda do Império Romano”.
Espelho romano em bronze.
Fonte: ipmuseu.
Ao fim da Idade Média e início do Renascimento, temos o “momento aristocrático em que domina o “luxo material” segundo Nízia Villaça.
Joia renascentista_Canning, onde todo o tronco é constituído de uma única pérola barroca, feito em cerca de 1580 |
Francis I - cerca de 1530 Fonte: Wikipedia |
Os símbolos do poder da realeza e da igreja, sua aliada, cintilaram em ouro e pedras, instalaram-se nas alturas dos tronos e andores. Se pensarmos na relação entre a produção e a recepção de tais signos, constatamos que o objetivo era demonstrar o fausto, a diferença, o poder total e absoluto. A unicidade, a aura, a riqueza e o excesso eram suas marcas. As figuras da realeza viviam no ócio e desperdício. Tal modelo de luxo chega ao ápice quando a nobreza deixa de partir em aventuras guerreiras e passa apenas a circular pelos salões em disputas de modas, coqueterias e ademanes. (VILLAÇA)
Com a chegada da Modernidade, afirma BORN (2007), o luxo foi deixando de lado o caráter pejorativo graças aos filósofos Montesquieu, Adam Smith, David Hume e Bernard de Mandeville que mostraram que o ser humano tem necessidades e desejos e não existe mal nisso.
Além disto, com a dinâmica de enriquecimento dos comerciantes e banqueiros, o luxo tornou-se uma forma de expressar algo que antes era apenas hierárquico, as fortunas que, nos casos destes emergentes, foram adquiridas pelo trabalho e talento.
Tem início um processo de estetização do luxo que vai valorizar os artistas e a cultura. O luxo se conjuga com a obra pessoal e a criação da beleza. (...) Surge uma relação mais pessoal com os objetos de valor e uma inspiração mais subjetiva de uma vida refinada. (VILLAÇA)
Estas revoluções democráticas e mobilidade de classes transformaram, segundo Nizia Villaça, “ostentação em mau gosto”. A Revolução Industrial opera uma espécie de “democratização do luxo” com os produtos “similares”.
Broche de Henry van de Velde |
O surgimento do “pret a porte” desafia aqueles que faziam peças únicas e sob medida fazendo surgir, como reação, a alta costura. Estes costureiros, podendo citar Paul Poiret e Charles Frederick Worth, tornam-se estilistas cuja valorização e reconhecimento eram grandiosos.
Sem ignorar os avanços da Revolução Industrial, surgem também os grandes magazines, espaços que mesclavam trabalho e lazer, compra e diversão.
Modificam-se as relações com o tempo e com o espaço, e o luxo vai explorar as possibilidades trazidas pelas novas tecnologias, perdendo, segundo Nizia Villaça, suas referências mais tradicionais.
“O decote das mulheres não é mais uma caixa forte” (MACHADO SOARES M. R., 2004) citanto Coco Chanel
Michael Silverstein, especialista em consumo do Boston Consulting Group (BCG), em entrevista exclusiva à HSM Management em junho de 2006 afirmava estar surgindo o “novo luxo”, um mercado que “propõe uma oferta limitada, mas não exclusiva”.
Cerveja de chocolate _ um lançamento em edição limitada da cervejaria japonesa Sapporo em 2010 |
O mercado de luxo “tradicional” trazia a exclusividade como ponto vital, os produtos eram mais acessíveis que os do luxo tradicional, embora sua oferta fosse mais limitada. Não se fazia distinções de posição social; pelo contrário, ele dava “ênfase aos valores de pessoas com diferentes níveis de renda e estilos de vida”.
O surgimento deste conceito de novo luxo - que se desenha até hoje, foi relacionado com a mudança na forma de pensar do consumidor de renda média, que estaria “disposto a pagar um preço mais elevado por produtos e serviços superiores em algumas categorias, enquanto em outras procura alternativas de preços mais baixos”.
Neste processo, a comunicação do luxo assume outros papeis em que sobressai a importância do processo de codificação/decodificação textual. O luxo perde a obviedade do material nobre e ganha em capital cultural.
“Essa ideia de luxo inclui cultura, artes, práticas sustentáveis e valorização das características regionais”.(Oskar Metsavaht, para o site UOL)
A redefiniçao da ideia de luxo hoje prima pelo sustentável, mas este sustentável também ganha nova leitura ultrapassando o “ecologicamente correto“ e alcançando uma sustentabilidade sócio-ambiental.
E é neste contexto que o Brasil (segundo Metsavaht) tem a oportunidade de se colocar como um país que oferece o novo luxo contrapondo-se ao estilo americano de consumo ou até mesmo o tradicional luxo europeu.
“o Brasil se destaca pela sua riqueza imaterial, por suas matrizes culturais e étnicas”.(Oskar Metsavaht, para o site UOL)
O estilo brasileiro, impresso em seus produtos pelos designers, evidencia o frescor, inclui as comunidades locais e possui menor impacto ao meio ambiente.
O conceito de luxo continua implicando em custo, mas hoje o consumidor busca algo mais.
”Tem de ser nobre e descolado para entender que é cool (bacana) pagar mais por isso”.(Oskar Metsavaht, para o site UOL)
"Zel Albuquerque que busca unir beleza e sustentabilidade. (...) Quatro designers criam as peças que, de acordo com Zel, precisam ser bonitas, modernas, únicas (...) Para fabricá-las, a empresária busca matérias-primas sustentáveis, feitas de material reciclado e proveniente de mão-de-obra justa e bem remunerada. "Meu objetivo é criar uma rede de fornecedores completamente positiva e transparente", contou Zel ao Modaspot.com.
Vejam algumas reportagens sobre joias sustentáveis brasileiras...vamos ver o que é dito por aí...
Nenhum comentário:
Postar um comentário